A renúncia Bento XVI anunciada nesta segunda-feira (11) em latim durante um encontro de cardeais no Vaticano repercutiu na Paraíba. O arcebispo da Paraíba, dom Aldo Paggotto, elogiou o ato que considerou "um ato de humildade". Outros paraibanos lembraram momentos importantes vividos por conta de Bentro XVI.
"É um exemplo para todos nós. Por que se manter em um cargo se ele está cansado, idoso, esgotado? Por que continuar no poder apenas pelo poder?”, comentou dom Aldo.
Bento XVI anunciou a renúncia pessoalmente, falando em latim. Em comunicado, ele afirmou que vai deixar a liderança da Igreja Católica Apostólica Romana no próximo dia 28 devido à idade avançada, por "não ter mais forças" para exercer as obrigações do cargo.
A arquiteta paraibana Ana Caroline Aires, de 25 anos, participou de uma vigília em 2011 com o Papa Bento XVI durante a Jornada Mundial da Juventude em Madrid, Espanha e disse ter vivido uma experiência religiosa única.
“Foi uma experiência forte. Vários jovens participando da vigília com o Papa quando começou a chover muito forte. Ventava muito quando o Papa olhou para os jovens e perguntou se nós iríamos ficar lá. Nós dissemos que ficaríamos e o Papa, então, afirmou que ficaria lá com a gente. De repente a chuva parou e o céu voltou a ficar lindo novamente”, contou a arquiteta.
Para dom Aldo, a Arquidiocese da Paraíba não deve ser afetada diretamente com a mudança. “Existe um ditado que diz ‘morre um Papa e se faz outro’. Afinal de contas, ele é humano. Não há nada que espetacularizar isso”, declarou o arcebispo.
Ele também comentou que não ficou surpreso com o anúncio. “Bento XVI já falou sobre isso algumas vezes. Inclusive, em um livro, ele disse que renunciaria pelo bem da igreja”. Em entrevista no livro 'Luz do Mundo: o Papa, a Igreja e o Sinal dos Tempos', o pontífice disse que não hesitaria em tornar-se o primeiro pontífice a renunciar por vontade própria em mais de 700 anos, caso se sentisse sem condições 'físicas, psicológicas e espirituais' de liderar a Igreja.
Novo Papa
O porta-voz do Vaticano já afirmou que a Igreja Católica deve ter um novo Papa até a Páscoa, no próximo dia 31 de março. Para dom Aldo, dois são os favoritos: o cardeal de Viena, Christoph Schönborn, e o cardeal dom Odilo Scherer, de São Paulo. “Mas só que sabe é Deus”, complementou.
Ele também comentou que não ficou surpreso com o anúncio. “Bento XVI já falou sobre isso algumas vezes. Inclusive, em um livro, ele disse que renunciaria pelo bem da igreja”. Em entrevista no livro 'Luz do Mundo: o Papa, a Igreja e o Sinal dos Tempos', o pontífice disse que não hesitaria em tornar-se o primeiro pontífice a renunciar por vontade própria em mais de 700 anos, caso se sentisse sem condições 'físicas, psicológicas e espirituais' de liderar a Igreja.
Novo Papa
O porta-voz do Vaticano já afirmou que a Igreja Católica deve ter um novo Papa até a Páscoa, no próximo dia 31 de março. Para dom Aldo, dois são os favoritos: o cardeal de Viena, Christoph Schönborn, e o cardeal dom Odilo Scherer, de São Paulo. “Mas só que sabe é Deus”, complementou.
Veja íntegra da carta
"Queridísimos irmãos,
Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.
Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.
No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.
Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Queridísimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.
Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.
Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.
Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.
No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.
Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Queridísimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.
Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.
Vaticano, 10 de fevereiro 2013."
Veja a biografia do Papa Bento 16
O cardeal alemão Joseph Ratzinger foi eleito papa em 19 de abril de 2005, em substituição a João Paulo 2º, que havia morrido em 2 de abril de 2005.
Bento 16 é o 265º papa e o primeiro a ser eleito no século 21. Ele assumiu o posto em meio a um dos maiores escândalos enfrentados pela Igreja Católica em décadas - o escândalo de abuso sexual de crianças por clérigos.
Líder da Congregação para a Doutrina da Fé, Bento 16 contou com o apoio das alas mais conservadoras da igreja à época de sua escolha como sumo pontífice.
Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 em Marktl, Alemanha, e entrou para o seminário aos 12 anos. Na adolescência, estudou grego e latim, e mais tarde se doutorou em teologia pela Universidade de Munique.
É conhecido como grande estudioso e possui sólida carreira acadêmica. Na Igreja, ocupou o posto de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por difundir e defender a doutrina católica.
Com a morte de João Paulo 2º, Ratzinger foi eleito pelos cardeais em abril 2005 e adotou o nome de Bento 16.
Durante a Segunda Guerra, chegou a ser convocado para combater nos esquadrões antiaéreos alemães. Dispensado, acabou sendo recrutado primeiro pela legião austríaca e depois pela infantaria alemã, da qual desertou em menos de dois meses.
De volta ao seminário, foi ordenado padre em junho de 1951. À função, somou o trabalho como professor de teologia, primeiro na Universidade de Bonn e depois na de Regensburg, onde seria reitor.
Em março de 1977, tornou-se arcebispo de Munique e Freising e, menos de três meses depois, foi criado cardeal pelo papa Paulo 6º. Já sob João Paulo 2º, em 1981, Ratzinger tornou-se o líder da Congregação para a Doutrina da Fé.
Neste cargo, Ratzinger reprimiu com força os teólogos que saíram de sua doutrina rígida e alienou outras denominações cristãs dizendo que não são igrejas verdadeiras.
Chamado de Guardião do Dogma, ele combateu o sacerdócio feminino e condenou a homossexualidade, além de ser contra a comunhão aos divorciados que voltarem a se casar e a impedir o crescimento do laicismo dentro da Igreja, mas não se considera um "durão".
O cardeal alemão Joseph Ratzinger foi eleito papa em 19 de abril de 2005, em substituição a João Paulo 2º, que havia morrido em 2 de abril de 2005.
Bento 16 é o 265º papa e o primeiro a ser eleito no século 21. Ele assumiu o posto em meio a um dos maiores escândalos enfrentados pela Igreja Católica em décadas - o escândalo de abuso sexual de crianças por clérigos.
Líder da Congregação para a Doutrina da Fé, Bento 16 contou com o apoio das alas mais conservadoras da igreja à época de sua escolha como sumo pontífice.
Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 em Marktl, Alemanha, e entrou para o seminário aos 12 anos. Na adolescência, estudou grego e latim, e mais tarde se doutorou em teologia pela Universidade de Munique.
É conhecido como grande estudioso e possui sólida carreira acadêmica. Na Igreja, ocupou o posto de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por difundir e defender a doutrina católica.
Com a morte de João Paulo 2º, Ratzinger foi eleito pelos cardeais em abril 2005 e adotou o nome de Bento 16.
Durante a Segunda Guerra, chegou a ser convocado para combater nos esquadrões antiaéreos alemães. Dispensado, acabou sendo recrutado primeiro pela legião austríaca e depois pela infantaria alemã, da qual desertou em menos de dois meses.
De volta ao seminário, foi ordenado padre em junho de 1951. À função, somou o trabalho como professor de teologia, primeiro na Universidade de Bonn e depois na de Regensburg, onde seria reitor.
Em março de 1977, tornou-se arcebispo de Munique e Freising e, menos de três meses depois, foi criado cardeal pelo papa Paulo 6º. Já sob João Paulo 2º, em 1981, Ratzinger tornou-se o líder da Congregação para a Doutrina da Fé.
Neste cargo, Ratzinger reprimiu com força os teólogos que saíram de sua doutrina rígida e alienou outras denominações cristãs dizendo que não são igrejas verdadeiras.
Chamado de Guardião do Dogma, ele combateu o sacerdócio feminino e condenou a homossexualidade, além de ser contra a comunhão aos divorciados que voltarem a se casar e a impedir o crescimento do laicismo dentro da Igreja, mas não se considera um "durão".
Fonte: Portal Correio
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